Narrativas da violencia: a imaginação branca e a formação da masculinidade negra em 'Cidade de Deus'
DOI:
https://doi.org/10.18046/recs.i13.1829Palavras-chave:
Masculinidade negra, Práticas de policiamento, Sexualidade, Nação, Violência urbanaResumo
O artigo explora a representação dos jovens negros no filme 'Cidade de Deus', de 2002, o qual insere 'planos patológicos' que apresentam a masculinidade negra como criminosa e pervertida. A imagem controladora dos corpos de homens negros, apresentados como agentes de perigo e impureza, ratifica uma dominação racial no regime brasileiro. Em adição, as narrativas centradas na violência, mostram de modo manifesto as formas em que a nação brasileira é imaginada com uma proeminência racial. Negritude é consumida como uma mercadoria exótica, mas também é entendida como uma ameaça à harmonia nacional. Tudo isto faz com que o país seja, de forma iterada, representado e imaginado como um paraíso racial, mas principalmente pelo fato de que a morte jaza registrada no corpo negro.
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